Jovem influenciadora de 22 anos, de Americana (SP), enfrentava um câncer raro e agressivo; em carta póstuma, refletiu: "A vida é uma só e o tempo é precioso"
Por Jardel Cassimiro para a Revista Correio 101
AMERICANA, SP — A influenciadora digital Camila Trevisol, de 22 anos, faleceu na última quarta-feira (23), em Americana, interior de São Paulo, após uma árdua batalha contra um câncer raro e agressivo. Em um ato de autonomia e profunda consciência sobre seu estado terminal, a jovem optou pela sedação paliativa, comunicando sua decisão em uma última e comovente publicação em suas redes sociais.
O falecimento encerra uma luta que Camila travava publicamente, compartilhando sua jornada com milhares de seguidores. Ela enfrentava a terceira recidiva da doença. Diante do agravamento irreversível de seu quadro clínico e da intensificação do sofrimento, a influenciadora organizou meticulosamente sua própria despedida.
Horas antes de ser sedada, ela se dirigiu aos seus seguidores. Além da mensagem pública, Camila deixou uma carta escrita com antecedência, com instruções claras para que fosse publicada por sua família somente após a confirmação de sua morte.
No texto póstumo, Camila Trevisol expressou uma profunda gratidão por sua vida e por todos que dela fizeram parte, deixando uma reflexão sobre a efemeridade do tempo. "A vida é uma só e o tempo é precioso demais pra não se apreciar cada momento", escreveu.
Com absoluta lucidez, ela fez questão de sublinhar que sua partida não se dava por falta de força ou por desistência da luta, mas pela constatação de que não havia mais condições de continuar sofrendo. "Deus me quis com ele e sei que meu legado sempre será lembrado", concluiu na carta.
A família confirmou a morte e agradeceu o vasto apoio e carinho recebidos ao longo de toda a trajetória de Camila. Ela também assegurou que seu perfil digital permaneceria ativo, um desejo da própria jovem para que as pessoas pudessem revisitar sua história e suas mensagens.
A história de Camila com o câncer começou cedo. Ela foi diagnosticada pela primeira vez em 2016, quando um exame de rotina revelou um tumor no fêmur. Após o tratamento, a doença entrou em remissão. Contudo, em 2023, ela recebeu um novo e devastador diagnóstico: Sarcoma de Ewing, um tipo de câncer raro que atinge o tecido ósseo.
Mesmo após alcançar a remissão por duas vezes deste segundo diagnóstico, a doença retornou de forma agressiva em 2024, levando ao quadro que culminou em sua decisão pela sedação.
O velório foi realizado no Cemitério Parque Gramado. Atendendo a um pedido especial feito por Camila em vida, a família solicitou aos presentes que, em vez de trajes de luto, usassem roupas brancas ou coloridas, como forma de celebrar sua vida.
A carta e a decisão consciente de Camila repercutiram intensamente nas redes sociais, com milhares de mensagens de comoção e admiração. Sua trajetória, marcada pela coragem, transparência e empatia ao lidar com a doença, solidificou um legado que, como ela mesma desejou, continua a inspirar.