Durante julgamento de plano de golpe, ministro citou um ataque a Charlie Kirk, figura proeminente do movimento MAGA, gerando uma reação ríspida de autoridades americanas e levantando temores de retaliação diplomática.
Por Jardel Cassimiro, para a Rádio Teotônio FM
Um comentário feito pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento do plano de golpe de Estado na última semana, causou uma forte reação negativa no governo dos Estados Unidos, aumentando as especulações sobre possíveis sanções contra o magistrado. A apuração inicial é da âncora Débora Bergamasco, da CNN Brasil.
O episódio ocorreu na sessão da última quinta-feira (11), que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus. Ao discorrer sobre anistia e pacificação social, Dino mencionou um ataque sofrido pelo ativista político americano Charlie Kirk, afirmando: "Ontem, infelizmente, houve um grave crime político: um jovem, que ocupa uma posição política aparentemente ao lado do atual presidente dos EUA, mas isso pouco importa, levou um tiro. É curioso notar porque há uma ideia segundo a qual anistia e perdão seriam iguais à paz. Foi feito perdão nos Estados Unidos, mas não há paz."
O ministro concluiu seu raciocínio argumentando que a paz nem sempre se alcança pelo esquecimento. "Às vezes, a paz se obtém pelo funcionamento adequado das instâncias repressivas do Estado”, declarou Dino, em uma aparente crítica ao perdão concedido a cerca de 1.500 invasores do Capitólio americano.
Após a declaração ser traduzida e chegar ao conhecimento de autoridades do Departamento de Estado americano, a reação foi imediata e severa. Segundo a apuração, um oficial teria reagido com a expressão "he's crazy" ("ele é louco"). A repercussão negativa é atribuída à grande relevância de Kirk no cenário político atual dos EUA. O comentarista é uma figura central no movimento MAGA (Make America Great Again), com forte influência sobre o eleitorado jovem e uma relação próxima com o presidente Donald Trump e seu círculo de poder.
Este incidente diplomático intensificou os rumores em Brasília sobre a possibilidade de o governo americano impor sanções pessoais ao ministro Flávio Dino, elevando a tensão entre o Judiciário brasileiro e a administração Trump.