Após chamar ministro do STF de "tirano", governador de São Paulo recua de viagem que, segundo fontes, seria dedicada a negociar perdão para o ex-presidente e outros condenados.
Por Jardel Cassimiro para a Rádio Teotônio FM
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cancelou uma viagem a Brasília agendada para esta segunda-feira, 15, onde, segundo fontes próximas, pretendia articular um projeto de anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros condenados por envolvimento em uma trama golpista.
A assessoria do governador confirmou o cancelamento da viagem, que estava prevista para as 16h30, mas não apresentou uma justificativa oficial para a mudança de planos. A decisão ocorre pouco mais de uma semana após Tarcísio ter sido aconselhado a evitar maior desgaste público sobre o tema, depois de ter chamado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de "tirano" durante um ato na Avenida Paulista no dia 7 de setembro.
A declaração, vista como uma radicalização em seu discurso, foi mal recebida por setores políticos que consideravam Tarcísio uma figura de perfil mais moderado. Desde o episódio, o governador reduziu drasticamente suas aparições públicas. Seu único compromisso externo ocorreu no dia 8 de setembro, em um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Nos dias seguintes, Tarcísio se recolheu no Palácio dos Bandeirantes, acompanhando à distância o julgamento de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF. Apesar do recuo na exposição pública, um aliado do governador afirmou, em condição de reserva, que Tarcísio continua atuando intensamente nos bastidores. Segundo esse interlocutor, ele tem trabalhado para avançar a pauta da anistia entre parlamentares de centro e centro-direita, e seu discurso na Paulista refletiu uma estratégia alinhada à de Jair Bolsonaro, reafirmando sua lealdade ao ex-presidente.
Ao longo desta segunda-feira, o governador cumpre apenas agenda interna no Palácio dos Bandeirantes.